Estádios | Campo de Sete Rios



Campo de Sete Rios

1913/14 e 1916/17



FICHA TÉCNICA

NOME:
Campo de Sete Rios
LOCALIZAÇÃO:
Na Quinta Nova, junto ao apeadeiro de Sete Rios - na linha de cintura interna dos caminhos-de-ferro,
 com entrada pela Estrada de Palhavã
DATAS DE POSSE:
Entre Janeiro de 1913 e 31 de Dezembro de 1917
SITUAÇÃO ATUAL:
Prédios e respetivos quintais no quarteirão delimitado pela Rua Prof. Lima Basto, Rua Dr. António Granjo,
Rua Dr. António Martins e linha de cintura interna dos caminhos-de- ferro
TIPO DE PROPRIEDADE:
Terreno alugado por 125 Escudos (125$00) / Semestre
DATA DE INAUGURAÇÃO E 1º JOGO:
12/10/1913 - encontro com o Sporting, a contar para o Regional de Lisboa (V 4-0)
DATA DO ÚLTIMO JOGO:
27/05/1917 com o Sporting (D 1-4), final da Taça de Honra
OUTRAS INSTALAÇÕES:
Em 1913: utilização dum "chalet" de madeira, para banhos e "toilette";
Em 29/05/1915: Inauguração do "court" de Lawn-Tenis; Em 1916: utilização do tanque de regas
 para praticar natação
MOTIVO DO ABANDONO:
As alterações ao contrato, a iniciar-se em 01/01/1908, foram consideradas "absolutamente inaceitáveis",
sobretudo a passagem da renda anual para 650$00.
Por outro lado, o clube possuía um terreno nas traseiras da sede, onde se jogava futebol oficialmente
desde 1914.




A ida do Benfica para Sete Rios determinou a conquista de novos adeptos noutra área da cidade, bem como a existência de espaço para introduzir no Clube novas modalidades: o Ténis, a Natação e o Polo Aquático. Em 1908, quando se soube que não havia capacidade financeira para renovar o contrato de arrendamento na Quinta da Feiteira, os dirigentes encetaram diligências com vista à resolução do problema. Mas só em finais de 1912, muito por ação de Cosme Damião, foi possível alugar-se um terreno (por 250$00 anuais, pagos em duas prestações).

Este terreno, de nome Quinta Nova, pertencia à Casa Palmela, da qual Cosme Damião era o secretário. O Benfica mudava-se, então, para um local onde o futebol dominava, já que, na mesma área, existiam dois outros campos, ambos inaugurados com a participação do Benfica: o de Palhavã, propriedade do SC Império (inaugurado em 29/10/1911, com vitória do Benfica sobre o clube local, por 8-2) e o das Laranjeiras, pertença do Internacional (CIF) - inaugurado em 01/12/1911.

Para a aquisição e adaptação do terreno da Quinta Nova a campo de jogos, o Benfica fez uma subscrição aberta, no Clube, para angariação de fundos. Alugado o terreno (entre finais de 1912 e inícios de 1913) - junto ao apeadeiro de Sete Rios, na linha de cintura interna dos caminhos-de- ferro (com entrada pela Estrada de Palhavã) -, iniciou-se, desde logo, o processo de preparação das obras, com a elaboração do projeto do campo (ainda sem incluir bancadas) e com a angariação de fundos especiais para fazer face à despesa extraordinária de limpeza e arranjo do terreno, tendo em vista a sua conversão em parque desportivo.

A IDA DO BENFICA PARA SETE RIOS DETERMINOU A CONQUISTA DE NOVOS ADEPTOS NOUTRA ÁREA DA CIDADE, BEM COMO A EXISTÊNCIA DE ESPAÇO PARA INTRODUZIR NO CLUBE NOVAS MODALIDADES


ESTATUTO DE MAIS POPULAR ENTRE TODAS AS AGREMIAÇÕES DESPORTIVAS PORTUGUESAS

Em pouco tempo, transformava-se um terreno agrícola num amplo espaço, com um piso preparado para dar lugar a um campo desportivo. A operação marcou uma fase de grande estímulo no seio do Clube, que alcançara já o estatuto de mais popular entre todas as agremiações desportivas portuguesas. Foi assinalável o esforço da massa associativa - por meio do que mais estava ao seu alcance (o trabalho ou, mesmo que pouco, o dinheiro). A circunstância deu origem a uma espécie de "febre coletiva". Diretores, atletas, sócios contribuintes, ou apenas simpatizantes do nosso clube e das nossas equipas, todos se envolveram num grande esforço de cooperação.

Em certos domingos, quase não se parava ou descansava. De manhã, acarretavam-se pedras, arrancavam-se plantas e cortavam-se arbustos; depois seguia-se o almoço popular, de confraternização - geralmente uma "bacalhauzada" com batatas; mais tarde, se alguma das nossas equipas jogava, dava-se a desfilada para o terreno onde se efetuava o desafio; e por fim, no termo de mais uma jornada, extenuados mas sem desfalecimentos de ânimo, lançavam todos a uma só voz: "Viva o Benfica!".

Nas duas épocas que intercalaram a saída da Feiteira (1911) e a inauguração de Sete Rios (1913), o Benfica em 1911/12 e em 1912/13 utilizou o Campo da Palhavã (do SC Império) e o Campo das Laranjeiras (do CIF) para realizar os seus jogos "em casa", a contar para o Campeonato Regional de Lisboa. E a verdade é que o uso de campo alheio não afetou o desempenho da equipa, que conquistou dois títulos durante o período em questão. Quando começaram os treinos de preparação para a época de 1913/14, já foi possível utilizar o campo de Sete Rios. E foi com alegria e confiança que se aguardou a homologação por parte da Associação de Futebol de Lisboa (AFL).

Em 12/10/1913, perante cerca de 5 000 pessoas - número, na altura, muito pouco habitual em atividades desportivas -, a AFL abriu a época de 1913/14. No jogo mais importante, para o Regional de Lisboa, o Benfica recebeu e venceu o Sporting, por 4-0. O novo campo causou mesmo algum pasmo, pela celeridade da sua construção e pelo seu enquadramento: ao fundo do recinto de jogo, construíra-se um "chalé" de madeira, estrategicamente colocado junto a uma nora, onde o Benfica tinha as instalações de banhos e "toilette".

O ENTUSIASMO ERA GRANDE MAS... O DINHEIRO ESCASSEAVA

Era, por isso, necessário conciliar estas duas realidades - começar a trabalhar praticamente sem dinheiro e, na medida dos possíveis, procurá-lo com rapidez. Resolveu-se, assim, contar especialmente com o apoio dos Benfiquistas, não só no fornecimento de mão-de- obra, mas, também, através duma subscrição de caráter voluntário, participando cada um conforme as suas posses. O entusiasmo nunca faltou. Mercê dele, foi possível iniciar as operações de arranjo do terreno, com o natural ensejo de o tornar melhor do que todos os que já existiam em Lisboa. O lema foi: "para a frente!". E poucos sócios faltaram à chamada. oi fundado a 26 de julho de 1906, em Benfica, o Grupo Sport de Benfica (GSB), especialmente virado para a prática de velocipedismo (ciclismo) e de pedestrianismo (atletismo). A festa inaugural deste clube teve lugar em 02-09-1906, com um "Festival" que incluiu provas velocipédicas, corridas e gincanas. As gincanas (corridas de fitas, negativas e de púcaros) realizaram-se na Quinta da Feiteira, amavelmente cedida pelo seu proprietário, o Exm.º sr. César de Figueiredo.

FINALMENTE UM CAMPO COM BANCADAS

No sentido de facilitar e alargar a ação da coletividade, sentiu-se a necessidade de introduzir no novo campo todos os melhoramentos possíveis, em particular as bancadas (já antes pretendidas para a Quinta da Feiteira), com vista a oferecer melhores condições aos espectadores e aumentar os níveis de assistência. Em 11/04/1915, após o embelezamento de todo o espaço, o Benfica, então com 11 anos de atividade, tinha finalmente um campo com bancadas!

Em 29 de maio do mesmo ano, foi inaugurado o primeiro "court" de ténis, igualando-se outros clubes que gostavam de exibir o seu "lawn-tennis", com a particularidade de o espaço benfiquista ser de acesso a todos os associados. Aproveitando o antigo tanque de regas, introduziu-se a natação (em 1914) e o polo aquático (em 1916) no Clube! No futebol, o Benfica continuou a conquistar títulos e torneios, mostrando cada vez mais que era o melhor clube português - 3 títulos regionais (13/14, 15/16 e 16/17), um Torneio "Taça de Portugal" (13/14) e o Torneio Internacional "Quatro Cidades" (15/16) - este último com uma vitória sobre o proclamado "campeão do Norte", o FC Porto, por 9-0!

ABANDONO DO CAMPO DE SETE RIOS


Em 17/09/1916, definiu-se com os Desportos de Benfica as bases para a junção de ambas as instituições, tendo ficado ressalvado que, apesar da sede da Avenida Gomes Pereira possuir um campo atlético (nas traseiras), continuar-se- ia com o campo de Sete Rios - por ser mais central - até se apurar se os encargos dessa manutenção poderiam, ou não, trazer vantagens. Sucedeu, todavia, que o senhorio, em 20 e 26/06/1917 (alguns meses antes de terminar o contrato de arrendamento), dirigiu duas cartas à Direção do Benfica, pedindo a indicação do local, dia e hora a que poderia ser recebido, com o objetivo de "combinar algumas alterações a fazer no contrato para novo período de arrendamento, a começar em 1 de Janeiro de 1918".


As alterações foram depois escritas nos seguintes termos: a renda anual passava a 650$00; as contribuições (mais de 40$00 por ano) ficavam a cargo do arrendatário; benfeitorias e obras efetuadas, ou a efetuar, fossem de que material fossem, seriam pertença do senhorio; o arrendatário ficaria obrigado a retirar, ou, pelo menos, espalhar uniformemente, por todo o terreno, caso o senhorio o desejasse, o entulho que se recebera no campo e que estava a formar a elevação do lado da geral; o contrato seria por três anos, sem que o arrendatário tivesse direito a indemnização no caso de o terreno, ou parte dele, ser expropriado pela Câmara Municipal.

Estas condições foram consideradas absolutamente inaceitáveis por todos os diretores presentes na reunião de 13/08/1917. Em 31 de dezembro do mesmo ano, a Direção decidiu, procurando resolver da melhor forma o problema que o senhorio criara, abandonar Sete Rios e remediar-se com o campo de Benfica, depois de convenientemente adaptado. O último jogo realizou-se em 27/05/1917, com o Sporting (D 1-4), final da Taça de Honra. O Benfica mudava-se, então, para a Quinta de Marrocos, nas traseiras da Avenida Gomes Pereira, onde possuía uma ampla sede desde 17/09/1916 (anteriores instalações dos Desportos de Benfica).

Atualmente, o espaço de Sete Rios onde o nosso Clube jogou foi sacrificado à expansão urbana de Lisboa para norte, estando ocupado por prédios e respetivos quintais, no quarteirão delimitado pela rua Prof. Lima Basto (antiga Estrada de Palhavã), rua Dr. António Granjo, rua Dr. António Martins e linha de cintura interna dos caminhos-de- ferro, junto à estação de Sete Rios. Após 4 temporadas de glória, o clube regressava novamente a Benfica, recolhendo os "frutos da semente" que por lá deixara, quando partira em 1911.







retirado de SLBenfica.pt

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