Estádios | Estádio da Luz


Estádio do Sport Lisboa e Benfica

19454/55 e 2002/03

                                                                     FICHA TÉCNICA

NOME:
Estádio do Sport Lisboa e Benfica
LOCALIZAÇÃO:
Benfica (S. Domingos) - terrenos à direita da Azinhaga da Fonte, que liga o Calhariz de Benfica
ao Largo da Luz, em Carnide
TIPO DE PROPRIEDADE:
Privada
CUSTO DOS TERRENOS (ALUGUER EM 1954):
5 000$00 / mês
CUSTO DOS TERRENOS (COMPRA A 21/10/1969):
Custo dos Terrenos (compra a 21/10/1969)
CUSTO DAS TERRAPLANAGENS:
840 000$00
CUSTO DAS DRENAGENS E ARRELVAMENTOS:
739 880$00
CUSTO DAS FUNDAÇÕES:
542 330$00
CUSTO DA CONSTRUÇÃO (2 ANÉIS):
5 968 000$00
CUSTO TOTAL (1956):
12 037 683$65
CUSTO DAS TORRES DE ILUMINAÇÃO (1958):
4 135 464$65
CUSTO DO 3.º ANEL (1960):
15 815 947$50
CUSTO DO FECHO DO 3.º ANEL (1985):
521 673 020$10
DATA DA INAUGURAÇÃO E 1º JOGO:
01/12/1954, com o FC Porto
MAIOR ASSISTÊNCIA:
135 000 pessoas (04/01/1987, com o FC Porto - CN I Divisão)
OUTRAS INSTALAÇÕES:
Pavilhão dos Desportos (15/05/1965) Campo 2 (pelado: 1968; relvado: 1974; sintético: 1997)
Campo 3 (relvado, 17/10/1973)
Pista de Atletismo (18/05/1974)
Campo 4 (pelado: 1975; reorientado: 1978; relvado: 1989)
8 Courts de Ténis (28/12/1975)
Piscina (23/09/1978)
Pavilhão Polivalente (28/02/1982)
3 Courts de Ténis (1983)
Tanque de Aprendizagem de natação (30/12/1985)
O dia 1 de dezembro de 1954 é a data que assinala um dos maiores feitos da história Benfiquista - a inauguração do Estádio do Sport Lisboa e Benfica, popularmente conhecido por Estádio da Luz.

Foi o culminar de um sonho de muitos anos, após inúmeras iniciativas e atividades que movimentaram o País e as colónias portuguesas, num esforço gigantesco que merece figurar na história contemporânea de Portugal como um dos seus capítulos mais vibrantes.

Podemos classificar o Estádio como um monumento erguido com a vontade de um povo! Após várias décadas sem casa própria, o maior e mais popular clube português conseguia, finalmente, um estádio à imagem da sua dimensão.

Logo que, em março de 1944, o Clube teve conhecimento de que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) - proprietária do Campo Grande, onde o Benfica jogava desde 05/10/1941 - estava a estudar uma nova localização para o recinto benfiquista, começou a pensar-se na ideia de construir um novo estádio. Porém, os anos foram passando e as Direções do Clube, eleitas anualmente, mostravam-se incapazes de obter, da CML, terrenos para a edificação do novo campo. Alguns associados descontentes com a situação são eleitos, a 19/01/1946, para a Direção, conseguindo, a 17/05/1946, um encontro no Ministério das Obras Públicas, durante o qual o ministro Eng.º Cancela de Abreu se mostra interessado na resolução do problema, afirmando que "o Benfica é de Benfica e para lá tem de voltar!".


O PROCESSO QUE LEVARIA À CONSTRUÇÃO DO ESTÁDIO ATUAL

Joaquim Bogalho tinha um conjunto de princípios que procurava implementar. O estádio deveria ser feito ao nível do melhor clube português, salvaguardando o seu pagamento imediato, de modo a evitar empréstimos que hipotecassem novamente o futuro, como acontecera com o estádio das Amoreiras havia dois decénios! É que, considerava-se, o enfraquecimento do nosso futebol durante os anos 30 e 40 muito se devera aos pagamentos de empréstimos para a construção desse estádio, o que exaurira o clube ("esse cancro que corroía a nossa existência; um tormento atroz.", nas palavras de Bogalho), conduzindo à debilitação da equipa principal de futebol.

Procuravam-se, assim, terrenos amplos e acessíveis na cidade de Lisboa, bem localizados e onde se conseguisse construir um "Parque de Jogos" que fosse ao encontro do ecletismo do Clube.

Procurava-se, por tudo isto, obter terrenos em condições vantajosas: topografia que facilitasse (e não encarecesse) os trabalhos e a um preço acessível, já que o desejo não era arrendar mas sim comprar - o que, para evitar encargos futuros, só viria a ser possível em 20/10/1969. Quanto ao tipo de construção, o ideal seria um estádio sem luxos, mas funcional, à imagem do Benfica, ou seja, um recinto desportivo com uma capacidade de assistência aceitável para a massa associativa (40 000 lugares - o Clube registava 14 334 sócios em 31/12/1949) e erguido a partir de um projeto que contemplasse a possibilidade de ampliação futura. Depois de delimitados os terrenos em Carnide - entre a estrada de Benfica, a Rua dos Soeiros e a azinhaga da Fonte (próximo do local onde estava projetada a nova avenida circular de Lisboa) -, iniciaram-se as expropriações por parte da CML, a 15/11/1949.

A elaboração do projeto do "Novo Parque de Jogos" foi entregue ao arquiteto João Simões, antigo futebolista do Clube, nas categorias inferiores, entre 1925/26 e 1932/33, que teve a sabedoria de conceber um conjunto de recintos desportivos magnífico para o estádio principal e para os espaços desportivos envolventes, uma obra arquitetónica notável, que, apesar de concluída apenas 40 anos depois, seguiu as "linhas gerais" definidas em finais dos anos 40 por João Simões, o que enaltece a genialidade do projeto inicial. Já nos anos 50, iniciam-se as campanhas financeiras que vão viabilizar a construção do estádio. A 27/10/1951, surge a ideia de aumentar voluntariamente a quota de 16$00 para 20$00, dando início à campanha "Fundos para o novo Estádio", que rapidamente tem grande adesão por parte dos associados.

Mas é com a eleição da Direção presidida por Joaquim Bogalho, em 15/03/1952, que se incrementam diligências para a construção do estádio.

Destas, destaca-se a criação da "Comissão Central do Novo Parque de Jogos do SLB", encabeçada por Joaquim Bogalho. A Comissão estimulou e desenvolveu variadas iniciativas e coordenou ideias de outros associados, gerando-se um movimento imparável, exaltado de Benfiquismo e que permitiu o êxito das várias iniciativas, devidamente publicitadas no semanário do clube, O Benfica. Após a Assembleia Geralde 16/07/1952 ter autorizado a Direção a assinar o contrato de ocupação dos terrenos que a CML destinara ao futuro estádio do Clube, entrou-se num período de euforia que só viria a dissipar-se com a inauguração do Estádio.

A visita à Estrada da Luz, 203, local dos terrenos do futuro estádio, determinou o lançamento da campanha de donativos "O Primeiro Impulso", arrancando, desde logo, com 90 000$00. A escritura da cedência dos terrenos efetuou-se na CML, a 06/11/1952. A área foi de 120 000 m2, sob arrendamento mensal de 1 500$00, passando, mais tarde, em julho de 1954, para 5 000$00, também mensais, mas sempre com a perspetiva de aumentar a área envolvente e garantir a compra dos terrenos, o que realmente viria a acontecer. Em janeiro de 1953, as dádivas começam a ser recolhidas no "Fundo de Construção do Novo Parque de Jogos do Clube". Quando a 23/05/1953 é adjudicada a empreitada de terraplanagens, pelo valor de 840 000$00, contabilizava-se já, nos "Fundos Pró-Estádio", um total de 1 355 658$00.

A inauguração oficial das obras efetua-se em 14/06/1953. Numa primeira fase, o Clube desenvolve uma intensa campanha para obtenção de fundos: leilões diários na Secretaria, espetáculos pró-estádio, sorteios monumentais e disponibilização de um mealheiro gigante no Pavilhão do Benfica na Feira Popular. São levadas a cabo, também, algumas iniciativas de âmbito cultural, como um concurso de cartazes e outro de quadras populares. O êxito destas ações permite ao Clube guarnecer-se de recursos financeiros para os trabalhos iniciais de terraplanagem do local, por onde vão passando milhares de pessoas que não deixam de colaborar, pagando 10$00 por cada enxadada. Tudo isto com a ajuda do jornal "O Benfica", que reserva semanalmente as páginas 4 e 5 (centrais), com o título "Pró-Estádio do Benfica", acompanhando o desenrolar dos acontecimentos e das ações de angariação de fundos e noticiando e promovendo novas iniciativas.

Com a multiplicação dos Festivais Pró-Estádio em vários locais, dentro e fora do país, do Minho a Timor, os trabalhos decorrem sem interrupções, em pleno clima de exaltação. A 30/01/1954, quando se adjudica a empreitada para as fundações das bancadas - pelo valor de 542 330$00 -, havia nos "Fundos" um saldo de 2 336 825$48.

Em simultâneo, inicia-se uma gigantesca "Campanha do Cimento". Quando, a 17/05/1954, se inicia a construção das bancadas do 1.º e do 2.º anel, adjudicadas por 5 968 000$00, regista-se um saldo de 2 078 400$48 e assinala-se a entrada no Clube de 9 327 sacos de cimento, correspondendo a 467 toneladas. Em outubro de 1954, foi criada a campanha "O Último Impulso - Quem não deu que dê agora, quem já deu que torne a dar". O slogan serviu para incentivar os donativos em dinheiro e cimento que se prolongaram para lá da inauguração do estádio, permitindo a Joaquim Bogalho, tal como era seu desejo, pagar o estádio - no valor de 12 037 683$65 - quando deixou o cargo de presidente da Direção, após as eleições de 30/03/1957.


INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO DA Luz

Finalmente, às 11 horas do dia 1 de dezembro de 1954, o emocionado líder do Clube, e maior responsável pela passagem do sonho à realidade, Joaquim Ferreira Bogalho, abre simbolicamente uma das portas de acesso ao Estádio, inaugurando um dos mais belos recintos desportivos do mundo. O Recinto viria a acompanhar o futuro crescimento desportivo e associativo do Clube. Originalmente com "dois anéis", sem iluminação e isolado, seria mais tarde dotado de torres de iluminação (1958), de um 3º anel construído em duas fases (1960 e 1985, permitindo aumentar a sua lotação para 66 000 e 120 000 espetadores, respetivamente) e de inúmeras infraestruturas desportivas à sua volta. A 04/01/1987, por ocasião da 16.ª jornada do Campeonato Nacional de 1986/87, frente ao FC Porto, o Estádio da Luz registaria a maior assistência de sempre: 135 000 pessoas!


O "EFEITO LUZ"

A importância da nova casa, onde o Benfica dispunha pela primeira vez na sua história de um campo relvado revelou-se logo na época da sua inauguração, com a conquista do título de Campeão Nacional, que escapava desde 1950. Muitos clubes passaram então a sentir o "efeito Luz", saindo, com frequência, goleados do majestoso reduto.

Que o digam alguns dos mais reputados emblemas do futebol internacional, que sucumbiram, em jogos da Taça dos Campeões, ao efeito terrível da "Catedral": 6-2 ao Ujpest da Hungria (06/11/1960), 5-1 ao Áustria de Viena (08/11/1961), 6-0 ao campeão alemão, FK Nuremberga (22/02/1962), e 5-1 ao finalista europeu de 1964, o Real Madrid (24/02/1965). Em jogos com clubes portugueses, os exemplos são igualmente vastos: 9-0 ao Boavista, para o Nacional (07/02/1960), 6-0 ao FC Porto, para a Taça (30/04/1972), 5-0 ao Sporting, para o Nacional (19/11/1978) e 8-0 ao Belenenses, para o Nacional (30/03/1980).

Entre outros, foi também na Luz que o Benfica comemorou 23 (2 "bis" e 4 "tris" pelo meio) dos seus 30 títulos de Campeão Nacional, o apuramento para 23 finais da Taça de Portugal (tendo 16 resultado na obtenção do troféu), 7 passagens à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus e a disputa da 2.ª mão da final da Taça UEFA, em 18/05/1983.

O universo do futebol jamais esquecerá aquele que é carinhosamente conhecido no mundo por "stadium of light", um Estádio onde se disputaram alguns dos melhores jogos de futebol realizados na 2.ª metade do séc. XX.



APÓS VÁRIAS DÉCADAS SEM CASA PRÓPRIA, O MAIOR E MAIS POPULAR CLUBE PORTUGUÊS CONSEGUIA, FINALMENTE, UM ESTÁDIO À IMAGEM DA SUA DIMENSÃO


retirado de SLBenfica.pt












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